Versão para profissionais de saúde
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Prevenção e Fatores de Risco
- Exposição excessiva ao sol, ter a pele clara, história prévia de câncer de pele, história familiar de melanoma, nevo congênito (pinta escura), maturidade (após os 15 anos de idade a propensão para esse tipo de câncer aumenta), xeroderma pigmentoso (doença congênita que se caracteriza pela intolerância total da pele ao sol, com queimaduras externas, lesões crônicas e tumores múltiplos) e nevo displásico (lesões escuras da pele com alterações celulares pré-cancerosas) são fatores de risco para o câncer de pele melanoma;
- Câmaras de bronzeamento artificial também são fontes de radiação UV e estão associadas ao melanoma. No Brasil, desde 2009, essas câmeras foram proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
- Exposição a agrotóxicos e solventes (tricloroetileno). Trabalhadores dos setores de agricultura, metalurgia, limpeza a seco, têxtil, borracha, solventes, tingimento, produção agrícola, tintas, vernizes e esmaltes, transporte aéreo, papéis, perfumes, cosméticos e outras preparações de higiene podem ter o risco aumentado de desenvolvimento da doença;
- Exposição aos vírus Epstein-Barr e HIV-1
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Detecção precoce
As estratégias para a detecção precoce do câncer são o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença) e o rastreamento (aplicação de exame em uma população alvo assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhar os pacientes com resultados alterados para investigação diagnóstica e tratamento) (WHO, 2007).
Rastreamento
O rastreamento do câncer é uma estratégia dirigida a um grupo populacional específico no qual o balanço entre benefícios e riscos dessa prática é mais favorável, com maior impacto na redução da mortalidade e da incidência, nos casos de existência de lesões precursoras. Os benefícios são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada. Os riscos ou malefícios incluem os resultados falso-positivos, que geram ansiedade e excesso de exames; os resultados falso-negativos, que resultam em falsa tranquilidade para o paciente; o sobrediagnóstico e o sobretratamento, relacionados à identificação de tumores de comportamento indolente (diagnosticados e tratados sem que representem uma ameaça à vida) (BRASIL, 2010).
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de pele melanoma na população em geral traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado (WHO, 2020; USPSTF, 2023).
As pessoas com alto risco para melanoma, como as que têm história pessoal ou familiar desse câncer, podem se beneficiar de um acompanhamento periódico por um médico (AUSTRALIAN GOVERNMENT, 2017; INCA, 2021).
Diagnóstico Precoce
A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer (WHO, 2017). Nessa estratégia, destaca-se a importância de os profissionais e a população estarem aptos a reconhecerem os sinais e sintomas suspeitos de câncer, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde.
Apesar de não haver evidências de redução da morbimortalidade pelo uso de uma técnica específica de autoexame de pele, estudos indicam que grande parte dos melanomas é descoberta acidentalmente pelos próprios pacientes ou seus familiares, mostrando a importância de conhecerem sua pele e estarem atentos a algumas mudanças (INCA, 2021).
O câncer de pele melanoma apresenta-se como pintas ou manchas que surgem na pele normal ou sobre uma lesão pigmentada preexistente, ocorrendo alterações em sua coloração, forma e aumento de tamanho, bem como bordas irregulares. Alguns melanomas não são pigmentados, podendo ser cor de rosa, bege ou branco (NICE, 2023).
Os principais sinais e sintomas relacionados ao melanoma são apresentados na regra do ABCDE, direcionado à avaliação de características de pintas e sinais:
- Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra;
- Bordas irregulares: contorno mal definido;
- Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul);
- Diâmetro: maior que 6 milímetros;
- Evolução: mudanças observadas em suas características (tamanho, forma ou cor).
Atualmente, a dermatoscopia é uma ferramenta fundamental no diagnóstico precoce, principalmente naqueles pacientes que apresentam múltiplas “pintas”, quando elas são monitoradas, poupando assim o portador de uma biópsia, que entre outros inconvenientes pode deixar indesejadas cicatrizes.
Referências:
Australian Government. Departament of health and aged care. Skin cancer screening – position statement. 2017. Disponível em: https://www.health.gov.au/resources/publications/skin-cancer-screening-position-statement?language=en Acesso em: 05 set 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento. Cadernos de Atenção Primária, n. 29 Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_primaria_29_rastreamento.pdf Acesso em: 15 ago 2023.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Detecção precoce do câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2021. Disponível em: https://antigo.inca.gov.br/publicacoes/livros/deteccao-precoce-do-cancer
NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CARE EXCELLENCE. NICE Guideline Suspected cancer: recognition and referral. Published: 23 June 2015. Last updated: Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ng12/chapter/Recommendations-organised-by-site-of-cancer#skin-cancers Acesso em: 31 ago 2023.
U.S. PREVENTIVE SERVICES TASK FORCE. Screening for Skin Cancer. US Preventive Services Task Force Recommendation Statement. JAMA. 2023;329(15):1290-1295. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2803797 Acesso em: 04 set. 2023.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guide to cancer early diagnosis. World Health Organization, 2017. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/254500. Acesso em: 04 set 2023.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Who report on cancer: setting priorities, investing wisely and providing care for all. Geneva: World Health Organization; 2020. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240001299 Acesso em: 04 set 2023.
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Sinais e sintomas
Qualquer alteração morfológica em nevos preexistentes, deve ser avaliada pelo especialista, assim como surgimento de novas lesões, principalmente as pigmentadas.
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Diagnóstico
O diagnóstico do melanoma, há poucos anos, era realizado somente através do exame clínico e da histopatologia.
Atualmente, a dermatoscopia vem se mostrando uma poderosa ferramenta no diagnóstico desse tumor. No entanto, precisa ser complementada com o exame histopatológico, que além de confirmar o diagnóstico apontará a indicação precisa do tratamento.
Uma grande virtude da dermatoscopia é poupar alguns pacientes de um exame invasivo (biópsia), que deixaria uma cicatriz cirúrgica.
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Classificação e estadiamento
Clinicamente classificamos os melanomas em: 4 tipos: extensivo superficial, nodular, lentiginoso acral e lentigo maligno melanoma.
Já histopatologicamente, os estágios variam de 0 a 4, sendo o estágio 0, o menos agressivo, denominado Melanoma “in situ”. Daí em diante classifica-se de 1 a 4 sendo este último o mais grave.
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Tratamento
O tratamento do melanoma quando realizado prematuramente obtém taxas de cura próximas a 100%. Nesse momento, o tratamento é basicamente cirúrgico, devendo o dermatologista/cirurgião oncológico respeitar os protocolos vigentes, que determinam as margens cirúrgicas do tumor.
Já para melanoma metastático, para o qual até alguns anos atrás somente eram oferecidos cuidados paliativos, com a chegada da imunoterapia e da terapia-alvo, atualmente disponibiliza-se novas drogas, que vêm alcançando altas taxas de sucesso.
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Acompanhamento pós tratamento
Qualquer modificação nas pintas preexistentes, ou surgimento de novas pintas devem ser avaliadas pelo especialista, independente da data marcada para retorno.
O médico assistente determinará os prazos que o paciente deverá retornar para avaliação. O período de retorno vai depender da classificação do tumor.
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Estudos clínicos abertos
Confira os estudos clínicos abertos para inclusão de pacientes no INCA.
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Prevenção e Fatores de Risco